quinta-feira, 29 de abril de 2010

MANUAL DO CARA DE PAU

Odeio é uma palavra forte, portanto para não ser radical, digamos que eu não aprecio os modismos e vícios de linguagem comtemporâneos. Eu sei que os adolescentes no computador escrevem de modo ininteligível para todos aqueles tem pelo menos 5 anos a mais do que eles. Sei também que adultos com Síndrome de Peter Pan fazem um esforço sobre humano para tentar falar que nem estes adolescentes, o que soa deveras ridículo em todos os aspectos: visual, auditivo, verbal e olfativo - não me pergunte por quê.
O cara cresceu! Fala que nem homem, homem feito, homem adulto, pô!
Quando eu era pequena, colecionava quadrinhos do Grimmy, aquele cachorro genial do Mike Peters, e me lembro muito de um em especial que mostrava a dona velhinha do cachorro falando com ele em linguagem infantil enquanto o cachorro silenciosamente pensava "pelo amor de Deus, faz ela parar com isso!".
Pois bem, isso serve perfeitamente para os dias de hoje e todos os horrendos vícios de linguagem modernosos. Grimmy, eu te amo!
Aproveitando então o contexto, me lembro também de um cara com visão estratosférica sobre este assunto que é o Carlos Queiroz Telles. Para todos aqueles que almejam a inclusão social dentro de grupamentos determinados, ele escreveu o "Manual do Cara de Pau". Neste livro o autor ensina frases de efeito com gírias próprias de alguns grupos sociais para a rápida inclusão de leigos em rodinhas de conversas específicas. Outro dia assistindo uma entrevista de um grupo musical de reggae lá do Rio Grande do Sul, ouvi entre bah's e trilegal's, vários "tá ligado?", "sacô", "demos uma roupagem nova à levada deste som", "só...", "a batera isso e a guita aquilo" e assim por diante. Depois, ouvindo outros músicos, percebi que todos usam os mesmos termos, tudo está estereotipado. É uma regra: quer ser músico tem que falar desse jeito e pronto.
A língua portuguesa é tão rica, tão bonita, permite tantas combinações, e no entanto todo mundo quer falar igual. Os que ainda insistem em falar com alguma concordância verbal são marginalizados. Eu mesma tenho até medo de falar direito no meio de um grupinho de linguagem pré-estabelecida. Eu hein, vai que o pessoal te entende errado! Melhor não arriscar.
Então, peço três vivas para o Manual do Cara de Pau! Genial esse Carlos.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

DEDO NO NARIZ

Outro dia uma amiga minha tomou uma multa por dirigir falando ao celular.
Tá certo, também acho errado. A distração causada pelo celular já é incrível quando atendemos via bluetooth. Na verdade acho a distração muito mais relativa ao teor da conversa do que por segurarmos o aparelho com a mão, o pé ou os dentes - tenho um amigo que consegue!
O que me intriga no entanto é que a infração é caracterizada por segurar o aparelho com uma das mãos e dirigir o carro com a outra, a mão que está livre - só para frisar!, mesmo ato cometido por aqueles motoristas que costumam limpar o salão enquanto dirigem. Agora a pergunta: colocar a mão no nariz enquanto dirigimos não é infração??? E os radares, será que algum deles pega a "mão no nariz"?
Outro dia fiquei parada atrás de um carro, cujo interior estava preenchido totalmente - o cara era enorme! - por uma figura extremamente empenhada em deixar seu próprio nariz livre de qualquer impureza. Tenho impressão de que se eu não buzinasse insistentemente ele ia limpar a própria cara do seu próprio nariz.
Os caras da CET ficam alertando que no atender ou ao enviar mensagens de texto enquanto dirigimos, ficamos não sei quantos segundos sem prestar atenção ao trânsito que nos rodeia. Imagina o cara com o dedão no nariz!!! Quando a meleca é grande e deve ser retirada cuidadosamente, ou quando a meleca cai no chão do carro desidratada de tanto ser rolada entre os dedos... eu sei que é nojento, mas imagina quanto tempo o cara não perde de trânsito no exercício desta arte! E o pior: não é considerado infração!!!
É revoltante.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

ALGUÉM CONHECE O CENTRO DA TERRA?

Julio Verne jura que esteve lá. Foi, fez um inventário, contou umas estorinhas e jurou que é tudo verdade. E que gostou. E muito.
Se gostou, por que então não voltou?
É sobre isso que eu querdo falar: sejamos racionais!!! É óbvio que o cara detestou. E como tem gente tentando convencer a gente a comer merda!
A gente sabe que é ruim, ouve que é ruim, cheira que é ruim, intui que é péssimo, mas vem alguém extremamente convincente e a gente faz sabe o que? COME! E acha ruim!
Pô, sejamos racionais!!! Pensemos, pessoal!
E tem mais, antigamente tinha um monte de profeta que recebia mensagens divinas quase que diariamente. O céu abria, tinha aquele teatro todo e aparecia um anjo que OBJETIVAMENTE dizia... coisas... Hoje em dia, com a comunicação dispondo de milhares de recursos, por que é que ninguém fala com a gente?
Outro dia perguntei para um religioso amigo meu e ele me jurou que recebemos diariamente mensagens divinas, muitas vezes telepaticamente, à nível de intuições e blá blá blá.
Se é asim, por que ninguém me manda nenhuma mensagem telepática dizendo por exemplo: não contrata essa arquiteta! ou, não compra esse carro, ou toma cuidado com esse contador... e assim por diante.
A gente fica esperando um aviso divino, uma intuição, um sexto sentido e, quem não tem aptidão para profeta sempre se ferra!
É por isso que repito: sejamos racionais!!!
Essa é a oração de antes de dormir para hoje a noite.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

COMO É DIFÍCIL MENTIR

Não, não é um chavão, nem nada parecido. O que eu quero dizer é... como é sofrido sustentar uma mentira.
Outro dia assistindo a um programa destes sensacionalistas, me deparei com aquela sempre bizarra cena de tentativa de reconciliação de casais separados. Sempre pensei que os pares em questão fossem artistas contratados, mas a julgar pelo sofrimento do cidadão, fiquei mesmo na dúvida.
Bom, o caso é que depois de um barraco romanesco, narrado em mi bemol maior por um barítono da ópera municipal, eles estavam lá: no meio de um cenário próprio, com uma platéia enorme - multiplicada por recursos digitais - e uma apresentadora do tipo burralda loirinha, tentando fazer as pazes. É claro que no caso de um insucesso na paz, seguranças estavam a postos nas coxias para conter uma eventual tentativa de assassinato entre os participantes. O circo estava montado!
Bom, circo montado, fiquei pensando em quanto devem ter oferecido ao cidadão, vestidinho de peça azul masculina do joguinho, para participar do espetáculo. A mulher, peça vermelha, não deve ter ganhado nada além de reconhecimento e 4 minutos de fama entre as vizinhas - 5 é muito nesse caso. Além é claro de um corte novo de cabelo com tintura "boreal", cor de bosta de vaca com disenteria.
Mas, voltando ao cara... o coitado do cara, que tinha jurado na sinuca que não queria ver a biscate nunca mais, que tinha honrado sua alma com promessas de cuspe e sangue pisado entre os amigos, que tinha saído com metade das piranhas do bairro sem camisinha para lavar a alma do convívio com a vagabunda... o cara... este sim foi pego de surpresa! E ofereceram um bom dinheiro pra ele! Dinheiro... O coitado desempregado, precisando angariar mais fundos do que a sinuca lhe dava para a cachacinha de todo dia... realmente precisando e muito!

De repente ele se vê frente a frente com uma equipe sensacionalista lhe oferecendo dinheiro, e mais dinheiro ainda se a reconciliação fosse obtida. E tudo isso em público!!!! E na frente de todos os seus amigos do pacto, da sinuca, do bar do Zé! Putzzzzzzzz...
ELE ACEITA!
E vai lá com aquele carão pra frente das câmeras. Nem o pó de arroz ajudou dessa vez. O coitado suava e fazia aquela cara de "puta que o pariu e agora?"... O choro era verdadeiro, mas era entre os dentes... as lágrimas caiam dizendo que não enquanto ele "emocionado" aceitava a mulher de volta dizendo que sim... e pensando secretamente o que faria com aquele presente de grego ao chegar em casa televisionado ao vivo e em cores.

Quantas vezes na vida a gente não chora pensando numa coisa completamente diferente daquela que todos pensam que você está pensando? QUANTAS VEZES!!!!, hein?
É... a vida sorri de forma diferente para cada um de nós... e... como é difícil mentir...

sábado, 17 de abril de 2010

O PORRETE BÁVARO

Tenho que admitir que nunca soube nada a respeito de armas medievais, mas imagino que nas batalhas travadas pelos bravos guerreiros da Idade Média vencia aquele que tivesse o porrete bávaro, objeto deveras semelhante a um secador-enrolador de cabelos anunciado no Domingão do Faustão domingo passado.
Mesmo após muitos anos de luta para igualdade e todas aquelas baboseiras, a mulher continua sendo vista como uma criatura extremamente vaidosa e... emburrecida!, de modo que todas as propagandas direcionadas ao bicho feminino puxam para o apelativo embelezante.
Em pleno século XXI na minha super moderna televisão lcd enorme, com captação digital, considero uma afronta assistir a uma propaganda do porrete bávaro, onde uma mulher com uma quantidade absurda de maquiagem anuncia sem perdão que não podemos deixar de possuir uma ferramenta como aquela. E alisando uma espécie de vibrador erótico com espinhos (de utilidade dúbia), olha diretamente para a câmera com olhos faiscantes anunciando um número de telefone. Diante de tal ameaçadora visão, a telespectadora sente-se praticamente obrigada a discar imediatamente se quiser então evitar o pior!... E pra falar a verdade, tenho de confessar: eu mesma quase liguei!
Após tais fatos e imagens próprias para o anuncio do Juízo Final, venho a pensar que a máquina do tempo deve ter secretamente existido... só não sei se foi usada para vir ou para voltar, porque o modelo do porrete é próprio de qualquer livro de história do ensino primário. Ou o bávaro veio e levou o porrete consigo, causando frisson nos mercados de armas da época, ou algum publicitário foi lá e resgatou a arma, dando - com um pouco de tecnologia - uma nova utilidade para o porrete nos tempos modernos.
O pior é que o objeto de inestimável valor histórico garante a certeza absoluta de que as pobrezinhas conseguiriam alisar e cachear seus cabelos SOZINHAS! Conseguiriam utilizar com sucesso o tal artifício, SOZINHAS!... Vai... vai tentando hehehe... daqui uns dias venho checar se deu certo. É, daqui uns dias, porque tenho certeza de que vc ainda vai estar aqui, na frente do espelho, com olheiras maiores que a cara, ainda tentando... e olha que eu to sendo otimista!
É claro que se usado na sua forma medieval, com instruções para porretear sem ligar nada na tomada, fica muito mais fácil acreditar na possibilidade de acontecer qualquer coisa. Eu tinha uma amiga que bateu a cabeça - sem o porrete! - evoluindo com traços de Liza Minelli. Ela canta New York até hoje pra qualquer um que a encare por mais de três segundos.
O porrete é bom, mas devia ser anunciado junto com o spray de pimenta. Garanto que faria muito mais sucesso.

terça-feira, 6 de abril de 2010