sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

CARNAVAL 2012 - OS JUDEUS E AS CRUZADAS, A HISTÓRIA REVISITADA

Ah o Carnaval...
O Carnaval é tão repleto de significados que escrever sobre isso suporta qualquer enfoque.
Tem gente que gosta, gente que odeia, gente que muito polidamente não se pronuncia... mas o fato é que o Carnaval se tornou uma festa tão descaracterizada que lá no fim das contas visa com muita dedicação agradar a todos os gostos.
E neste ano, como em muitos outros, assisti parcialmente aos desfiles na televisão, não deixando - claro - de me admirar com o grau de insanidade criativa dos carnavalescos da vez. Nesse contexto gostaria muito de comentar aquela escola que vestiu a totalidade da sua bateria como judeus ortodoxos!
Os mestres de bateria estavam de capa preta e chapéu, comandando um batalhão de mais de 200 pessoas de sexos variados usando tallit e indumentária religiosa, e tocando muito animadamente toda a sorte de instrumentos de percussão. Achei o máximo!! A câmera da TV focava os caras e eles passavam com um baita sorriso no rosto, gingando os tallits e tocando maravilhosamente seus pandeiros. Realmente inovador!
E não posso de deixar de mandar aqui o meu respeito aos organizadores do desfile que fizeram a judeuzada passar antes dos Cavaleiros das Cruzadas, que vieram homenageados na escola seguinte, de forma que NINGUÉM se encontrou na avenida!! Que timing sensacional! Imagina um encontro desses quase 1000 anos após... 
Fico pensando também... será que um cavaleiro das cruzadas jamais imaginou que um dia seria retratado pela história com fantasias brilhantes e muito samba no pé? Consigo comparar a isso alguém sendo desenhado para a posteridade por um artista do dadaísmo... tipo falem de mim de qualquer maneira. Mesmo assim, foi uma bonita homenagem a todos os retratados.
E depois da história revisitada, só tenho a agradecer: valeu carnavalescos!! 
Aguardando ansiosamente o próximo ano, fico por aqui.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

MONOGAMIA - desabafo ortopédico!

Monogamia... 
Não é natural do ser vivo ser monogâmico, com exceção feita à algumas espécies é claro.
As araras, por exemplo, são animais monogâmicos e eu devo aqui tirar o chapéu para esta espécie que, mesmo sem a complexidade de raciocínio que envolve a espécie humana, insiste neste modo de se comportar.
Mas fico pensando em nós. Como seria se fôssemos como os outros animais que na época do cio dão para todo mundo? Bom, com exceção feita à algumas lutas entre machos, não se observam grandes brigas como as que vemos por exemplo nas portas das boates, que envolvem várias personas da tribo e criam o caos em grupos multidivididos onde antes uma só massa dançava em harmonia.
Se a fêmea gostosona muda de idéia e abandona o macho, este rapidamente se conforma e dá espaço ao novo escolhido, estando porém sempre atento a retornar ao lar se chamado ao serviço. Não é nenhuma vergonha ser trocado e depois destrocado.
Só que a nossa espécie pensa. E esse pensar é que é a grande merda. 
Portanto somos monogâmicos porque envolvemos moral, bons costumes e sentimentos, mas sendo a maioria dos humanos poligâmicos com identidades secretas.
Só que existem os machos poligâmicos e burros. Em teoria seria o ideal, porque vemos as espécies que não pensam abraçando a causa poligâmica sem pudores e em total harmonia com o grupo em que vivem.
E como única saída para a pouca inteligência masculina - os inteligentes que me perdoem, estou generalizando aquele grupo que descrevi acima - sugiro a monogamia. Dá muito menos trabalho e faz um bem tremendo à saúde dos ossos.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

IEMANJÁ, JUDAÍSMO E O PAI OMAR

Já faz um tempo que venho meditando sobre um assunto, mas não sabia como abordar o tema e escrever sobre isto.
Na verdade estou aproveitando a deixa por hoje ser dia de Iemanjá, o famoso 2 de fevereiro, dia de festa no mar e etc e tal. Tenho de confessar que eu A D O R O esta data! Sei lá, fico feliz por ser dia de Iemanjá, da perspectiva de existir um ritual, uma festa propriamente dita, para comemorar a divindade.
Uma época eu tinha certeza de que era filha de Iansã... e isso durou um certo tempo, até que um dia cheguei em casa afirmando com uma convicção inabalável que meu pai veio de Aruanda e meu pai, o biológico, ouviu. Ele ouviu... pensou... pensou mais um pouco... e depois, num reservado, veio me aconselhar todo cuidadoso, dizendo que não havia nenhum lugar na Besarábia com esse nome...
Então, na verdade, apesar de meus castelos desfeitos, eu continuo achando que sou filha de Iansã com aquele tal pai de Aruanda, mas agora guardo isso pra mim e ainda frequento a sinagoga nas grandes festas. Tá meio confuso, mas por enquanto tá bom assim.
E o que eu queria contar é que um dia conheci realmente um pai de santo. Um pai de santo de verdade! E o que ele tinha de simpático tinha também de estranho. Uma pessoa misteriosa, sempre acompanhado de mulheres, de idades variadas, às vezes senhoras, às vezes gostosas e às vezes vinha com a mãe - dele mesmo!
Eu tratei dele por um tempo, cuidados médicos que os deuses não conseguiram resolver. Vai ver que nessa época fui indicada à ele talvez por meio de alguma divindade, porque até hoje não sei explicar direito como foi que ele me achou... vai saber... e assim teve início minha história no candomblé.
Não, nunca frequentei um terreiro, infelizmente. Mas o fato é que nos demos muito bem, eu e o pai de santo.
E tenho até hoje um cartão de visitas que ele me deu quando nos despedimos, na época me pedindo uma caneta e riscando febrilmente o nomezinho abaixo do nome dele exibido no tal cartão. Achei insólito aquele procedimento, no que ele imediatamente me explicou - com olhos de fogo e falando pausadamente, pronunciando cada palavra com uma fúria romanesca: "r i s q u e i   p o r q u e   a   C i- g a n a   d a s   S e t e   S a i a s   n ã o   é   m a i s   s ó c i a!!!".
Bom, foi a última vez que o vi... e toda vez que me lembro do pai Omar, uma pergunta estala na minha cabeça:  por que será que ela não era mais sócia???... Olha, eu não sei o que a Cigana das Sete Saias fez, mas com certeza não deve ter sido nada bom.