segunda-feira, 11 de julho de 2011

O livreiro

Há alguns dias tenho me surpreendido saudosista, mais do que o normal.
Faz alguns anos - quando ainda freqüentava os bancos da faculdade, adquiria os livros necessários, os recomendados e os nem tão imprescindíveis assim, na livraria Centro Médico. Havia, é claro, outras livrarias nas dependências da faculdade, e também podíamos comprar por telefone.
Os preços nem variavam tanto. O que me impelia a entrar sempre na mesma livraria era o proprietário, Sr. Manoel. Apesar da fama de elevar preços, garanto que “seu” Manoel nada tinha de mercenário. Barganhava conosco, aceitava livros quase inúteis como parte do pagamento, facilitava as condições e ainda era bom de papo. Meio filosófico, diria.
O tempo passou, anos voaram e retornei à faculdade, agora como funcionária pública. Seu Manoel já não habita em nosso mundo, e sua viúva herdou a livraria. Segue com a mesmíssima política, ganha os clientes com simpatia e recolhe, às escondidas, os animais do pátio, alimentando-os e abrigando-os em seu espaço.
Ocorre que reformas são mandatórias. Um novo prédio está em construção, e o antigo deve ceder lugar às improvisações. Desconheço a autoria de tão brilhante projeto que, dentre outras pérolas, destruiu o exíguo estacionamento. No entanto, a façanha mais marcante foi a tentativa (vã) de desabrigar a Flor e sua livraria. Flor é o nome da senhora que nos atende, a proprietária, que dispensa funcionários em razão de sua margem reduzidíssima de lucros.
Feito um abaixo-assinado, o sucesso foi assegurado. Flor continua onde está. Em memória de seu Manoel, uma pequena mas representativa vitória a todos.

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