quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

IEMANJÁ, JUDAÍSMO E O PAI OMAR

Já faz um tempo que venho meditando sobre um assunto, mas não sabia como abordar o tema e escrever sobre isto.
Na verdade estou aproveitando a deixa por hoje ser dia de Iemanjá, o famoso 2 de fevereiro, dia de festa no mar e etc e tal. Tenho de confessar que eu A D O R O esta data! Sei lá, fico feliz por ser dia de Iemanjá, da perspectiva de existir um ritual, uma festa propriamente dita, para comemorar a divindade.
Uma época eu tinha certeza de que era filha de Iansã... e isso durou um certo tempo, até que um dia cheguei em casa afirmando com uma convicção inabalável que meu pai veio de Aruanda e meu pai, o biológico, ouviu. Ele ouviu... pensou... pensou mais um pouco... e depois, num reservado, veio me aconselhar todo cuidadoso, dizendo que não havia nenhum lugar na Besarábia com esse nome...
Então, na verdade, apesar de meus castelos desfeitos, eu continuo achando que sou filha de Iansã com aquele tal pai de Aruanda, mas agora guardo isso pra mim e ainda frequento a sinagoga nas grandes festas. Tá meio confuso, mas por enquanto tá bom assim.
E o que eu queria contar é que um dia conheci realmente um pai de santo. Um pai de santo de verdade! E o que ele tinha de simpático tinha também de estranho. Uma pessoa misteriosa, sempre acompanhado de mulheres, de idades variadas, às vezes senhoras, às vezes gostosas e às vezes vinha com a mãe - dele mesmo!
Eu tratei dele por um tempo, cuidados médicos que os deuses não conseguiram resolver. Vai ver que nessa época fui indicada à ele talvez por meio de alguma divindade, porque até hoje não sei explicar direito como foi que ele me achou... vai saber... e assim teve início minha história no candomblé.
Não, nunca frequentei um terreiro, infelizmente. Mas o fato é que nos demos muito bem, eu e o pai de santo.
E tenho até hoje um cartão de visitas que ele me deu quando nos despedimos, na época me pedindo uma caneta e riscando febrilmente o nomezinho abaixo do nome dele exibido no tal cartão. Achei insólito aquele procedimento, no que ele imediatamente me explicou - com olhos de fogo e falando pausadamente, pronunciando cada palavra com uma fúria romanesca: "r i s q u e i   p o r q u e   a   C i- g a n a   d a s   S e t e   S a i a s   n ã o   é   m a i s   s ó c i a!!!".
Bom, foi a última vez que o vi... e toda vez que me lembro do pai Omar, uma pergunta estala na minha cabeça:  por que será que ela não era mais sócia???... Olha, eu não sei o que a Cigana das Sete Saias fez, mas com certeza não deve ter sido nada bom.

Um comentário:

  1. Dea,
    Me indentifiquei bastante com seu post, ainda mais porque estou sempre em constante duvidas com religiao.
    Vim de uma familia dita catolica, mas que pode ser cripto judaica e nao fui catolica praticante. O que guardo do Catolicismo sao as idas a Aparecida, primeira comunhao, algumas oracoes.
    Porem tive anos da minha vida dentro do Candomble, devido a duas tias minhas serem filhas de Santo.
    Bom, entao sempre tive um pouco de conhecimento sobre Orixas etc Eu gosto dos Orixas e dos cantos, amo ler cartas, buzios. O unico problema dos terreiros fica por conta da corrpcao e dos precos absurdos que se cobram por qualquer coisa, nao se deveria cobrar para ajudar ninguem que precisa. Eu sou filha de Oxum Opara, que e metade Oxum e metade Iansa, e bem complicado pois vivo com duas personalidades, uma que e doce como o mel e a outra (sua Iansa), que e explosiva.
    Ja passei tbem pelo cardecismo, achei muito calmo pra mim rsrs mas essa coisa de vida apos morte eu levei comigo
    Por ultimo me veio agora o judaismo. Tenho ido a Sinagogas, participado de festivais, tem sido muito interessante e um grande aprendizado !
    Mas como uma amiga disse o Brasil e muito espiritual, nao ha como nao ser curioso e se aventurar por tantas correntes religiosas neh. Nao importa na verdade a qual religiao o brasileiro pertenca, ele sempre vai ter interesse por outras, e pelo assim que eu vejo.
    SALVE IEMANJA !!! Rainha do mar ..

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