quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

NOSSA NOITE DE NATAL

Este ano foi bom e ano que vem vai ser melhor ainda.
Acredito nisso e entro imediatamente em contradição, pois mantenho a minha posição quanto ao que penso sobre a virada do ano (http://depoiseagora.blogspot.com.br/2014/11/o-final-do-ano.html). 
Ainda acho que é só uma noite onde fazemos festa para dar continuidade à vida que já está rolando a plenos pulmões. E nesse caso a festa poderia inclusive ser feita em qualquer outro dia do ano… mas existe uma tradição e eu respeito isso.


Ontem, véspera de Natal, fui com a minha mãe ao supermercado fazer compras para o jantar. E só para esclarecer, sim nós fazemos um belo jantar na noite de Natal. Com todos os estabelecimentos comerciais da cidade fechados, temos por hábito há muitos anos reunir a família e mandar ver na comida, na bebida e na sobremesa. Desde que me conheço por gente.
Quando eu era pequena me lembro que ao soarem as badaladas do relógio à meia noite ainda estávamos comendo quando a nossa vizinha, a dona Maria Teresa, saia para o seu quintal que era colado ao nosso e gritava "É Natal, é Natal!!” e “Ele nasceu!” "Ele nasceu!" e ainda “É Natal!" de novo.
Eu e minhas irmãs éramos crianças e corríamos para a janela assim que a gritaria começava, mas nunca conseguimos entender direito que porra era aquela que tinha nascido no quintal da Maria Teresa, e que renascia todos os anos sempre no mesmo lugar e na mesma hora. Com todo o respeito.
Passamos anos ouvindo a gritaria histérica na casa do vizinho todo dia de Natal, meia noite em ponto!
Até chegar a moda dos fogos de artifício que acabaram por abafar a histeria no jardim dos nossos vizinhos. E infelizmente não dava mais para ouvir a Maria Teresa. Uma pena... porque o nosso jantar terminava ritualmente com a gente na janela tentando descobrir - inclusive fazendo apostas! - sobre que espécie de alienígena havia invadido o jardim da Maria Teresa que fazia ela gritar daquele jeito. Em casa só se gritava assim quando a barata era voadora. Uma vez até perguntamos para a filha da Maria Teresa se eles tinham medo de baratas e, quando ela me respondeu que não, criou-se imediatamente uma lacuna eterna preenchida por milhares de divagações e pensamentos soltos com possibilidades de invasores recém natos das mais diversas estirpes, que chegavam sempre depois da comida, provavelmente já jantados, na meia noite do dia do Natal. Até aventamos hipóteses para essa coisa de geração espontânea aparecer sempre depois que a comida acabava, o que era difícil de entender porque a Maria Teresa cozinhava super bem. Se fosse eu, ia nascer no início do jantar e não no fim. O fato é que tudo isso sempre acontecia só no jardim da Maria Teresa, nunca no nosso. Nunca realmente conseguimos ver, muito menos fotografar isso que nascia lá...


Mas o que eu queria dizer é que ontem no supermercado, fazendo o estoque para o nosso jantar, tive aquela sensação que me invade nos finais de ano fazendo a minha metade racional parar de funcionar.
Vi aquelas pessoas todas comprando, muitas delas alegres, outras apressadas, criando um clima de expectativas, como se alguma coisa muito grande estivesse para acontecer.
Agora eu sei que não vai acontecer nada, nem ninguém vai nascer no jardim da Maria Teresa, mas a sensação era boa, de renovação, de felicidade, sei lá.
Voltamos para casa, cozinhamos a comida que compramos, nos divertimos em família, ouvimos fogos de artifício à meia noite mas ninguém gritou, o que me fez refletir... por onde cazzo andará a Maria Teresa?

3 comentários:

  1. Comentário postado no Facebook em 25 de dezembro às 18:59
    Eu lembro uma vez da Maria Teresa sem ser no Natal. Ela não dormiu a noite porque meu enfeite de clave de sol pra colocar na cabeça na véspera da apresentação de balé não tinha chegado. Até hoje eu desconfio que rolava alguma coisa lá diferente. Ela não era normal!!!

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  2. Comentário postado no Facebook em 25 de dezembro às 19:20
    Eu ameiii o texto!! Só acho que ouvi uns gritos "Nasceu"! Só não sei se foi da Maria Teresa... Mas que ela anda por perto, ah, isso anda...

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  3. João Batista Oliveira28 de dezembro de 2014 às 00:47

    Comentário postado no Facebook em 25 de dezembro às 18:27
    Kkkkk!!!! Amei sua história!!! Mas algo me chamou muito a atenção!!!! A Maria Teresa manifestava todos os anos,uma euforia que está se perdendo com o tempo, e isso é grave!!!
    O Natal,que simboliza o nascimento do Salvador da humanidade,está perdendo a essência!!!!
    Não ficamos mais eufóricos com o aniversário do Mestre!!! Estamos cada vez mais envolvidos na multidão dos nossos problemas e afazeres,que não festejamos mais esta data tão festiva como a Maria Teresa festejava.
    É hora de nós, todos nós,não deixarmos se perder no tempo os reais motivos das nossas comemorações,e festejarmos com a mesma euforia da Maria Teresa!!!! Até mesmo sem conhece la, também sinto saudades dessa personagem.... Que Deus a abençoe onde quer que ela esteja....e toda sua família tbm!!!! Um grande beijo!!!!!

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