sábado, 25 de abril de 2009

CÃES, GAMBÁS E AFINS

Outro dia li uma notícia no mínimo intrigante.
Parece que um cachorro caiu de um veleiro em alto mar, nadou 10 Km até uma ilha deserta e surpreendentemente iniciou uma nova etapa de sua vida. Alguns viajantes até chegaram a notar e reportar o cachorro. Pô, não é todo dia que se avista um cão de raça numa ilha deserta. Quando eu era pequena tinha uma moça que trabalhava em casa que era fã incondicional da teoria da geração espontânea... mas um cachorro de raça numa ilha deserta já é demais!
Bom, o fato é que o cachorro foi notado e não teve realmente um bom início na ilha. Parece que começou a perder peso, ficou feio, pêlo sem brilho, e isso durou alguns meses. Subitamente porém a vida lhe sorriu e o cachorro foi novamente avistado, mas desta desta vez cheio de energia, engordando e feliz. Descobriu-se depois que o cão aprendeu a caçar - o que não faz o instinto primitivo!
Os animais são mesmo criaturas fabulosas e auto-suficientes. Aí vem o homem e os transforma em seres semi-humanos, dependentes, chatos. Imagina como ia ser muito mais legal se o cachorro ensinasse pra gente tudo o que ele sabe, ao invés de tentar ficar aprendendo o que nós tentamos lhe ensinar!
Segundo Gary Larson, o cão só entende mesmo - de verdade - o próprio nome. Então imagina que você chega em casa e elabora frases bonitas, fala com seu cachorro durante horas, ensina mil coisas novas... enquanto ele - o cachorro - fica balançando o rabinho. Ora! Ele balança o rabo toda vez que escuta o próprio nome - pode reparar, pro cachorro você tá dizendo: csmdjIYWE wyJSKAXnj... "REX" - e aí vem uma balançada de rabo!
Pra finalizar, parece que o cachorro da ilha foi finalmente resgatado pelos donos, num estado psíquico primitivamente animal, arisco e valente. Esse vai ter que levar o aprendizado pro túmulo, porque voltando a ser humanizado, não vai mais precisar dos instintos aflorados, ao menos que os donos algum dia lhe pareçam apetitosos!

Os bichos humanizados, além de ficarem dependentes e chatos, também podem ser tão doidos como nós. Alguém já falou que o cachorro absorve a personalidade do dono... ou seria o contrário?
Minha cachorra outro dia teve gravidez psicológica.
Pois é, ela achava que estava grávida e com filhotes. Comecei realmente a levar a sério quando ela adotou o telefone. A gente tinha que colocar o telefone pra mamar e tudo. O telefone tocava e ela atendia. No dia em que uma amiga ligou e avisou depois que minha cachorra tinha atendido eu achei que era hora de fazer terapia: na cachorra, na minha amiga - que deixou um recado com a cachorra, e obviamente em mim, que a essa altura já estava precisando mesmo de um bom psiquiatra.
Bom, em um outro episódio de prenhez psicológica, ela adotou um gambá, ou saruê, como chamam aqui. Ela passeava com esse bicho delicadamente enfiado dentro da boca, e ninguém podia mexer no filhote de saruê, que obviamente estava na hora errada e no lugar errado. Imagina a cabeça desse gambá, tirado de sua mãe e adotado por uma boxer que achava que tinha realmente parido aquele bicho estranho. O saruezinho cabia inteiro dentro da boca dela, mas o rabo do bicho saía pra fora da boca, enorme e compridíssimo, fazendo um conjunto absolutamente bizarro. A gente olhava aquilo e falava pra cachorra que aquele bicho não parecia com ela, mas nada adiantava. E nós aqui em casa que temos mania de humanizar os nossos animais, piramos! Foi difícil ver a nossa boxer maluca, mãe psicológica de um gambá e irredutível quanto a isso!
Os bichos não estão livres da loucura. Não pense que reencarnando num bicho você vai se livrar do Prozac.
Por exemplo, outro dia atropelei uma pomba. ATROPELEI UMA POMBA!! Não consigo explicar o porque de uma pomba, que voa!, estar atravessando a rua a pé. E fora da faixa de pedestre!
Eu também conhecia uma égua que via gente morta. "I see dead people", sabe? Você tava em cima, tranquilo no trote, quando do nada ela disparava, e para o nada, e como que por um pedido do além, ela parava sozinha. São coisas que não conseguimos explicar... o que se passa na cabeça do bicho?
Imagino o gambá do episódio da gravidez, velhinho, reunido com a família no Natal, contando pros saruezinhos da nova geração sua epopéia de vida: "sabe, quando vovô era jovem, vocês nem imaginam o que me aconteceu...". E toca o pau a contar a história do boxer: "imagina que o vovô foi engolido por um cão feroz, um monstro!..." - no estilo Jonas e a Baleia!
Os bichos são que nem a gente. Cada um no seu estilo, eles passam o conhecimento por via oral através das gerações. E a gente sempre achando que o velho endoidou.
Na maioria das vezes os velhos não estão senis. Vai lá, verifica a história porque há uma chance enorme daquilo ter acontecido sem sombra de dúvidas!
Olha só o exemplo do gambá!

2 comentários:

  1. Já reparou que texto grande ninguém comenta? Eh, laiá...

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  2. Ninguém tem saco... mas o texto é bom! (ou sou só eu que acho isso??)

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